terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O tempo que o Tempo leva...

Saudações a todos.

Este texto foi publicado por mim, originalmente, em meu blog. A intenção primeira foi movida por uma necessidade muito pessoal, e a pessoa a quem ela se destinara é, para mim, muito especial também. Quero, contudo, estender e compartilhar este pensamento. Talvez outras pessoas, neste fim de ano, nesta entrada de ano, possam encontrar, em minhas singelas palavras, algo para refletirem e pensarem, assim como eu mesmo encontro, sempre que as releio.

Tais palavras são, para mim, a prova de que mudamos, embora possamos deixar o registro do que pensávamos. E que existe sim, inspiração. Talvez ela não venha de fora. Para mim, ela veio de dentro, em um momento em que abri-me totalmente ao meu coração e, assim, abri-me totalmente para a Existência.

Espero sinceramente que apreciem.

Atenciosamente,

Henrique "Erebus".





O TEMPO QUE O TEMPO LEVA...




Durante doze horas temos o dia.
Durante outras doze horas, temos a noite.
A respiração é uma sucessão de inspirar e expirar.
Primavera, verão, outono e inverno...
Amor, Calor, Ternura e Saudade...

A monotonia da visa se revela em seu cotidiano paradoxal: o único algo verdadeiramente imutável é o próprio princípio da mutação. "Tudo muda, o tempo todo, no mundo".

Vida e Morte são os dois lados de uma mesma moeda. Matéria e Espírito também.

Cara e coroa... a moeda não tem apenas estes "dois lados". Não tem.

Há muito mais do que se percebe quando se olha com o olhar de quem não se interessa em ver. Há o lado de dentro e, é claro, o lado de fora. Há as bordas e há, também, o centro.

Não... não se trata de maniqueísmo. Trata-se de polaridade.

Somos seres bipolares (e talvez até multipolares) incompletos: necessitamos de uma outra polaridade, uma contraparte, uma cara metade. Desejamos a eternidade ao lado desta parcela perdida de nós, quando a encontramos, mas fatalmente a perdemos.

Não perdemos por perder. Não é nosso destino perder, fadados eternamente à buscar sem conseguir. Perdemos pois não conseguimos compreender o mais básico, simples e elementar dos princípios que rege a vida: a mudança...

Tudo muda.

O fracasso reside em tentar deter a mudança. É preciso observá-la. É preciso compreendê-la. É preciso aceitá-la. É preciso amá-la... Para isto, é preciso sensibilidade, atenção e empatia.

Não guardarei registros do que foi dito, nem do que não foi dito.
Não guardarei registro algum.
O que aconteceu pertence ao passado. Preciso conformar-me com isto. Todos precisam...
O que acontecerá é um mistério pertencente ao futuro. Preciso aceitar isto. Todos precisam...
Mas o agora é meu presente. Preciso aproveitá-lo!

O passado é o único tempo que podemos controlar. O passado é manipulável...
O futuro é o único tempo que desconhecemos. O futuro é planejável...
O presente, porém, é o único que não conseguimos controlar de algum modo. Somente o presente pode ser vivido...

O fracasso das tentativas humanas de se completarem reside, portanto, no fato de que a maioria das pessoas se detêm no passado ou no futuro, esquecem o presente. A atenção destes está detida na "cara" ou na "coroa", mas esquecem o centro. Não percebem que entre o dia e a noite há o crepúsculo, e que um nunca é igual ao outro. Não compreendem que além do inspirar e do expirar, há o suspirar... E que faríamos qualquer coisa por um belo suspirar...

As estações se repetem, anualmente, mas o que há entre elas não é uma repetição do que aconteceu outrora. Por cima, tudo parece igual, mas os detalhes, quando observados, revelam infinitas surpresas: nos detalhes, não existe repetição!

Não deixarei registros, pois embora ainda possua o poder de lembrar e planejar, escolho viver!!!

O ontem já passou, é um dia que não existe mais. O amanhã é um dia que jamais chegará... pois tudo o que nos resta é hoje, agora, já!!!

De acordo com minhas emoções, escreverei no ar... escreverei na água... escreverei na úmida areia da praia... Mas será o Tempo quem se cuidará de apagar.

Não que seja esta a função dele: apagar, meramente... Mas por ser esta a maior das benevolências: a oportunidade que temos, a todo instante, de reafirmar, de refazer, de recriar, de recomeçar...

Por mais que venhamos a errar, sempre haverá um tempo em que o Tempo nos dará uma nova oportunidade de corrigir e reparar.

Por mais que venhamos a acertar, sempre haverá um tempo em que o Tempo nos dará uma nova oportunidade de repartir e ensinar.

O tempo que o Tempo leva para fazer as coisas que só o Tempo é capaz de fazer é, ainda, um mistério. A única certeza que podemos ter é que o Tempo sempre leva o tempo necessário para que tudo aconteça em seu devido tempo, e que ele nunca é repetitivo, e que em seus infinitos
déjà vu, ele é sempre original...

Um comentário:

Anônimo disse...

Essa postagem ficou magnífica... Meus parabéns Henrique. Assim como parabenizo Rodrigo e Daniel também... Uma parceiria excelente a de vocês...