terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O tempo que o Tempo leva...

Saudações a todos.

Este texto foi publicado por mim, originalmente, em meu blog. A intenção primeira foi movida por uma necessidade muito pessoal, e a pessoa a quem ela se destinara é, para mim, muito especial também. Quero, contudo, estender e compartilhar este pensamento. Talvez outras pessoas, neste fim de ano, nesta entrada de ano, possam encontrar, em minhas singelas palavras, algo para refletirem e pensarem, assim como eu mesmo encontro, sempre que as releio.

Tais palavras são, para mim, a prova de que mudamos, embora possamos deixar o registro do que pensávamos. E que existe sim, inspiração. Talvez ela não venha de fora. Para mim, ela veio de dentro, em um momento em que abri-me totalmente ao meu coração e, assim, abri-me totalmente para a Existência.

Espero sinceramente que apreciem.

Atenciosamente,

Henrique "Erebus".





O TEMPO QUE O TEMPO LEVA...




Durante doze horas temos o dia.
Durante outras doze horas, temos a noite.
A respiração é uma sucessão de inspirar e expirar.
Primavera, verão, outono e inverno...
Amor, Calor, Ternura e Saudade...

A monotonia da visa se revela em seu cotidiano paradoxal: o único algo verdadeiramente imutável é o próprio princípio da mutação. "Tudo muda, o tempo todo, no mundo".

Vida e Morte são os dois lados de uma mesma moeda. Matéria e Espírito também.

Cara e coroa... a moeda não tem apenas estes "dois lados". Não tem.

Há muito mais do que se percebe quando se olha com o olhar de quem não se interessa em ver. Há o lado de dentro e, é claro, o lado de fora. Há as bordas e há, também, o centro.

Não... não se trata de maniqueísmo. Trata-se de polaridade.

Somos seres bipolares (e talvez até multipolares) incompletos: necessitamos de uma outra polaridade, uma contraparte, uma cara metade. Desejamos a eternidade ao lado desta parcela perdida de nós, quando a encontramos, mas fatalmente a perdemos.

Não perdemos por perder. Não é nosso destino perder, fadados eternamente à buscar sem conseguir. Perdemos pois não conseguimos compreender o mais básico, simples e elementar dos princípios que rege a vida: a mudança...

Tudo muda.

O fracasso reside em tentar deter a mudança. É preciso observá-la. É preciso compreendê-la. É preciso aceitá-la. É preciso amá-la... Para isto, é preciso sensibilidade, atenção e empatia.

Não guardarei registros do que foi dito, nem do que não foi dito.
Não guardarei registro algum.
O que aconteceu pertence ao passado. Preciso conformar-me com isto. Todos precisam...
O que acontecerá é um mistério pertencente ao futuro. Preciso aceitar isto. Todos precisam...
Mas o agora é meu presente. Preciso aproveitá-lo!

O passado é o único tempo que podemos controlar. O passado é manipulável...
O futuro é o único tempo que desconhecemos. O futuro é planejável...
O presente, porém, é o único que não conseguimos controlar de algum modo. Somente o presente pode ser vivido...

O fracasso das tentativas humanas de se completarem reside, portanto, no fato de que a maioria das pessoas se detêm no passado ou no futuro, esquecem o presente. A atenção destes está detida na "cara" ou na "coroa", mas esquecem o centro. Não percebem que entre o dia e a noite há o crepúsculo, e que um nunca é igual ao outro. Não compreendem que além do inspirar e do expirar, há o suspirar... E que faríamos qualquer coisa por um belo suspirar...

As estações se repetem, anualmente, mas o que há entre elas não é uma repetição do que aconteceu outrora. Por cima, tudo parece igual, mas os detalhes, quando observados, revelam infinitas surpresas: nos detalhes, não existe repetição!

Não deixarei registros, pois embora ainda possua o poder de lembrar e planejar, escolho viver!!!

O ontem já passou, é um dia que não existe mais. O amanhã é um dia que jamais chegará... pois tudo o que nos resta é hoje, agora, já!!!

De acordo com minhas emoções, escreverei no ar... escreverei na água... escreverei na úmida areia da praia... Mas será o Tempo quem se cuidará de apagar.

Não que seja esta a função dele: apagar, meramente... Mas por ser esta a maior das benevolências: a oportunidade que temos, a todo instante, de reafirmar, de refazer, de recriar, de recomeçar...

Por mais que venhamos a errar, sempre haverá um tempo em que o Tempo nos dará uma nova oportunidade de corrigir e reparar.

Por mais que venhamos a acertar, sempre haverá um tempo em que o Tempo nos dará uma nova oportunidade de repartir e ensinar.

O tempo que o Tempo leva para fazer as coisas que só o Tempo é capaz de fazer é, ainda, um mistério. A única certeza que podemos ter é que o Tempo sempre leva o tempo necessário para que tudo aconteça em seu devido tempo, e que ele nunca é repetitivo, e que em seus infinitos
déjà vu, ele é sempre original...

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

À SENSIBILIDADE HUMANA



Críticas destrutivas, todo mundo faz:
Àquele político que não agrada; à derrota do time tantas vezes campeão; à rima pobre do jovem poeta. Muitos criticam sabendo que são incapazes de fazer melhor. Criticam porque está em voga criticar. Criticam porque dá um certo ar de intelectualidade. Criticam porque é fácil mostrar os defeitos ou fraquezas alheias. Poucos são os que reservam parte de seu tempo para uma crítica construtiva. Para um simples elogio. A questão é que muitos acham que se está bom, não fizeram mais do que a obrigação, mas esquecem que o elogio é um incentivo e muito mais uma recompensa pelo bom trabalho. Quem não gosta de receber elogios, principalmente quando são merecidos?
Pois bem, este meu tempo, tirado de minhas horas de sono, vem dar crédito e mérito à 7ª Arte. Um filme em cartaz nos cinemas que há muito não via semelhante. É inegável que nem todo mundo é público para todo filme. Muitas vezes os filmes são mesmo direcionados a um público específico. Outros não o são. Ao menos aparentemente. Muitos podem assistir a um filme e gostar muito. Mas talvez este filme não fora feito apenas para se “gostar muito”. Alguns filmes são feitos para se “sentir muito”.
Twilight (Crepúsculo, em português), é um desses filmes e motivo desta crítica. Histórias de vampiros geralmente tendem ao sucesso imediato e, se não for bem feito, tendem também ao precoce esquecimento. Os famosos “15 minutos de fama”. Acontece que filmes fantásticos, que tragam à tona temas fantasiosos, quase sempre fazem sucesso. Principalmente em nossa época. Em meio ao mundo cão que vivemos, o ser humano sente a forte necessidade de preencher-se com o fantástico. O ser humano quer para si a magia que sempre sonhou. Daí o sucesso de “O Senhor dos Anéis”, “Harry Potter”, “Crônicas de Nárnia” e outras centenas de filmes e literaturas. O ser humano é um ser mágico que, por haver esquecido disso, tenta preencher esta lacuna em seu ser com a magia que ele mesmo dá vida. O mundo está cansando de filmes de ficção científica, carnificina pura e comédia idiota. Mas as pessoas não se cansam do mundo mágico. É uma conexão peculiar.
Mas o que há de novo, o que há de diferente no Crepúsculo a ponto de merecer esta crítica construtiva? Muita coisa. O aparente clichê do amor entre o vampiro e a mortal que não podem permanecer unidos por causa da natureza dos dois é sobrepujado pela sensibilidade de dois jovens que parecem descobrir juntos o que é, verdadeiramente, apaixonar-se. “Sim, mas terminou por ser baseado noutro clichê piegas: o amor. O que há de tão diferente nisso?”, você pode me perguntar. Acontece que o clichê bem escrito, bem demonstrado, bem planejado, bem focado, que surpreenda (ainda que seja um clichê), sempre dará certo. Até porque se não desse, não haveria mais porque escrever sobre amor depois de Shakespeare; nem sobre suspense depois de Alfred Hitchcock; nem sobre a vida depois de Sêneca.
O filme não é sobre os vampiros que estamos acostumados a ver: sanguinolentos, demoníacos que vivem apenas nas sombras espreitando sua vítima, mais parecendo animais. O filme nos mostra vampiros humanizados, inclusive nos sentimentos. Sem medo de cruzes, de luz solar, vampiros que fogem ao estereotipo clássico.
Além disso, mostra o amor da forma mais pueril possível. Sem a depravação de hoje em dia com a banalização do sexo e dos sentimentos. Não! É hora de reiterar que há públicos para certos tipos de filmes. O público alvo deste são as pessoas sensíveis, sem nenhuma vergonha de falar sobre isso. A sensibilidade é, em minha opinião, uma das mais belas características do ser humano. O que lhe aproxima do divino. O que lhe faz divino. Ser sensível à melodia de uma música, aos versos de um poema, à fotografia de um filme, é característica cada vez mais em falta no mercado. E esse filme é repleto de sensibilidade, para os que sabem sentir.
A música de fundo, o movimento dos atores, seus olhares, suas posições, seus diálogos, seus silêncios, a fotografia, o cotidiano tão perfeitamente possível, fazem um conjunto de bom gosto difícil de ser encontrado em muitos filmes que arrecadam milhões, mas que não possuem um elenco e diretor sensíveis ao projeto ou ao enredo.
O Crepúsculo não é um filme de arte do início ao fim, mas é muito próximo a isso, já que comparado aos outros filmes do gênero, tem arte até de sobra. É importante ressaltar que esta crítica está imersa e só faz sentido se for analisada num contexto (não sei se é a melhor palavra) hollywoodiano, já que no cinema alternativo você pode encontrar bastante arte, contudo sua abrangência é bastante restritiva. O cinema alternativo é para um público alternativo que já sabe o que procurar, onde procurar e já tem idéia do que vai encontrar. Ao contrário destes que me refiro, que vão aos cinemas de todo o mundo e tem como desafio ser apresentado a um público, que como foi dito no início da crítica, é acostumado a banalização dos sentimentos. Cativar este público é o desafio.
Fica então o elogio à produção do filme e a crítica (construtiva) aos insensíveis de carteirinha. A sensibilidade não o torna mais ou menos isso ou aquilo. A sensibilidade o torna um pouco mais humano, e é exatamente disto que o mundo necessita. Se somos humanos e é de nossa natureza sermos sensíveis ao mundo que nos rodeia, não há porque sentir vergonha de o demonstrar. Acaso as águas do rio têm vergonha de verter e os pássaros de voar?

sábado, 6 de dezembro de 2008

SANTA CATARINA É AQUI!


Quase nunca na história deste país, o povo brasileiro se emocionou tanto e foi tão solidário a uma catástrofe (natural?).
A natureza está de volta com uma nova e arrepiante surpresa. Uma enchente aqui, um tornado ali, uma tsunami acolá, e assim vamos percebendo o quanto ainda somos vulneráveis às suas vontades.
Santa Catarina pediu ajuda. E a sociedade brasileira atendeu. Como parte o coração ver aquelas pessoas – prato cheio para a mídia – nos contando que perderam o que construíram em toda uma vida. Não possuem mais local para morar, dependem da ajuda dos outros para se alimentarem, se vestirem, beberem água. Ninguém deveria ter que passar por tal situação. Mas sempre deveria haver pessoas prontas para ajudá-las, quando a situação, infelizmente, o exigir.
Vi a notícia de que, temporariamente, as doações de alimentos e água não devem ser enviadas ao Estado afetado pela enchente. Não há espaço para armazenar, tamanha as doações dos últimos dias.
Três vivas à solidariedade do povo brasileiro!
Mas minha cabeça, que foi feita para pensar, martela a seguinte pergunta: O povo brasileiro é, realmente, solidário?
A enchente em Santa Catarina já deixou vários mortos, mais de uma centena, número que não chega nem perto dos mortos pela fome, não só no Nordeste, mas em todo o país. Milhares são os desabrigados no Estado, enquanto são milhões os que não têm onde morar em todo o território Nacional. O medo de que as epidemias se alastrem pelo território Catarinense por causa do acúmulo de água, não é nada comparado aos mais temíveis insetos e animais peçonhentos de terno e gravata que estão por aí a matar os outros, tirando-lhes saúde, alimentação, educação, por causa do acúmulo de dinheiro alheio. Estes sim, são os verdadeiros causadores de doenças.
Não é apenas Santa Catarina, o país todo precisa de uma detetização.
Vi na parada de ônibus uma senhora dizendo da sensação ruim que é sentir-se impotente, sem poder ajudar àquelas pessoas. Em minha mente só vinha a visão da mesma senhora passando reto, fingindo não ver a mão estendida na calçada da rua de um pedinte (sabe lá Deus se pede para alguma necessidade básica ou não): Invisibilidade Social. Mas aquele pedinte não passou na Globo. Nem no TeleTon, nem no Criança Esperança. Renato Aragão não pediu por ele, nem podíamos ver a nenhum show do artista mais famoso da última semana.
É compreensível.
Não há nada de abominável em ser vulnerável à natureza. Sempre fomos seus dependentes. Se não fosse ela, nem estaríamos aqui mesmo! O abominável está em sermos dependentes de nossos representantes, que a cada novo dia nos afoga em banhos d’água fria, pior do que qualquer enchente, seja aumentando seus próprios salários, viajando e dando festas com o dinheiro público, criando novos impostos e novas Medidas Provisórias a cada semana. Medidas essas que dão maior poder a quem as aplica do que o poder Moderador, tão criticado, caso o fosse dado ao herdeiro do trono brasileiro. Todas as cabeças foram feitas para pensar, mas nem todos querem ver todas as cabeças pensando. Pois é aí onde finca guarida a ruína deles.
Lembremos do povo Catarinense, que nos pede socorro agora. Mas não nos esqueçamos do povo brasileiro que está rouco de gritar pelo mesmo socorro, sem nunca receber a ajuda que chegou às pressas e em poucos dias aos sulistas. Da mesma forma que a fome e a saúde não podem esperar num canto, não podem esperar em outro. Mas se for para ajudar, que ajudemos de forma que não se torne uma indústria de votos. O político que é eleito através da miséria dos outros, é o mais deprimente. Que tal dar o Bolsa Família aos membros do governo e aumentar em 100% o salário dos brasileiros? O Brasil está “vacinado contra a crise” mesmo...


São Miguel, Santo Expedito, Santa Maria Mãe de Deus e todos os santos que possam existir, ajudem Santa Catarina, que neste fim de texto é apenas um eufemismo para um país chamado Brasil.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

O ÍNDIO SOU EU!



Seguia-se um importante encontro de ilustríssimos senhores doutores em causas sem efeito, quando numa das mesas redondas um renomado antropólogo foi interpelado por uma sexóloga: - se os índios quisessem hoje praticar a antropofagia, o senhor concordaria? - Naturalmente, respondeu o antropólogo, afinal, se é para manterem sua tradicional cultura, que os índios se comam em paz! - É mesmo, só assim continuaremos a ter índios, pois do contrário, sem o ato sexual, os índios se extinguiriam! – retrucou a sexóloga.
Conversas bizarras a parte, a discussão continuou com seu tom característico: muita exaltação e poucos resultados. Afinal, cada um dos debatedores parecia ter em mente que “as coisas simples são muito complicadas, mas se tornadas complexas dão a impressão de seriedade”.[1] Discutia-se então se os índios de hoje poderiam ser considerados índios ainda, uma vez que sua cultura original a muito fora transformada.
Levando em consideração que nossos ouvidos não são descargas, cuja maior utilidade é entupir nossa mente com dejetos, irei poupá-los dos argumentos - todos eles tão originais quanto a questão: Deus existe? – proferidos e devidamente enquadrados em categorias racionais. Ardorosamente pronunciados, pelas brilhantes autoridades em assuntos acadêmicos, eles ganhavam vida própria e, por conseguinte, optavam pelo suicídio, fazendo uso do “livre arbítrio” – eram mais inteligentes do que seus criadores.
Segui, todavia, entediado, mas assistindo toda a confusão, como testemunha ocular do crime premeditado, pavorosamente estupefato diante da mesma coisa que sempre faz tudo outra vez. Foi quando, para espanto geral da nação, observei erguer-se um curioso ser, cuja voz, após ser impelida pela mente, bradou:
"Senhoras e senhores, gente de toda sorte ou azar, a questão construtiva não é saber se os índios continuam a ser índios ou não, mas sim se nós ainda somos o que somos ou se por estarmos diferentes acaso somos outros!
Ora, o termo ‘índio’ é uma construção intelectual, um conceito histórico datado da segunda metade do século XX para designar os povos remanescentes da América Pré-Colombiana. Remonta a Cristóvão Colombo, entretanto, a palavra ‘índio’. Ao desembarcar na América, pensando ter encontrado as Índias, ele chamou aos nativos de ‘índios’. Naturalizado, este termo passou a designar sob um mesmo nome, de forma arbitrária, grosseira e preconceituosa todos aqueles povos, tão diferentes entre si física e culturalmente, que habitavam o que hoje em dia vem a ser a América.
Desta forma, é equivocado o uso do termo ‘cultura indígena’, pois não existem ‘índios’ antes da chegada dos europeus, mas sim diferentes povos, cada qual com seu nome e cultura própria, ainda que entre eles algumas características se assemelhem. Este equívoco, contudo, é multiplicado e ganha formas mais corpulentas quando, embriagados pelos conceitos, discutimos se os índios atuais podem ser ainda considerados índios ou não, dada a transformação cultural da qual foram vítimas e agentes.
Ora bolas, pergunto-vos: deixamos de ser quem somos por mudar nossos hábitos ou costumes? Minha geração não possui os mesmos costumes que possuía a geração dos meus pais. Ainda assim sou fruto deles, aprendi boa parte do que sei com meus ‘velhos’ e sinto-me, honestamente, um continuador da grande obrar familiar a qual eles serviram. Deixei de ser o que sou só porque prefiro chocolate à rapadura, refrigerante à café?
Do mesmo modo procuro servir minha Nação, algo que fez o meu avô, e que tantos outros igualmente intentaram em fazer. Sou menos brasileiro do que eles apenas pelo fato de viver uns oitenta ou noventa anos depois? Seriam eles os verdadeiros brasileiros, guardiões da cultura brasileira, e eu um descendente de brasileiros cuja marca desbotou? Posso ter outros costumes, ter outros interesses e formas de pensar, mas ainda assim procuro dar continuidade a grande obra coletiva que é construir o Brasil. Mantenho vivo na memória o desejo daqueles que ousaram em querer ou lutar por um país melhor. Não os renego ou debocho. Exemplo disto, honro àqueles que serviram à Pátria na ‘Guerra do Paraguai’. Pobre deles, sonhavam ser heróis lembrados e transformaram-se em ‘massa de manobra do capital estrangeiro imperialista ou, em outros termos, uns otários’. E por quê? Porque falta a este país algo que eu tenho e mantenho vivo dentro de mim, mais forte do que o fogo doméstico dos antigos cultos ao lar (bravata...): Tradição! Falta a todo o povo brasileiro conhecer e respeitar as glórias deste país, que jamais deixaram ou deixarão de existir por um mau momento político ou econômico. Mas o espírito desta Nação está doente. Causa desconhecida para o molusco de barbas que não respeita nossa Egrégora, antes a sufoca.
Mas voltemos à questão: os índios ainda são índios ou não? Tenho a dizer sobre isto que cultura é algo intermitente, sua própria dinâmica é de transformação. Cultura não é algo cristalizado, imóvel e estático. Cultura designa todas as coisas que o homem realizou e que não podem ser creditadas à sua natureza. Cultura, portanto, é tudo o que o homem criou! E, ironicamente, por enganar sua própria natureza, o homem tornou-se um ser que sempre cria, recria e inventa outra vez num ciclo interminável e eterno. Posso viver, desta forma, numa outra ‘cultura’ que não a dos meus avós. Mas entre nós a um laço maior: a Tradição. Se mantida, estaremos juntos até o sempre! Os índios podem viver numa outra ‘cultura’ (e uma cultura sempre é resultado de outra, sendo difícil discernir cada uma delas... não obstante existirem somente no plano ideal), mas se eles mantêm na memória e nas ações uma Tradição herdade, reconhecendo e conhecendo sua ancestralidade, então, por Deus, eles são índios! Mais índios do que nós somos brasileiros, cuja Tradição foi perdida e memória corrompida, num ato criminoso de subversão!"


O antropólogo ficou boquiaberto e deixou escapar: o índio sou eu!


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[1] Frase atribuída ao filósofo Eduardo Melo.

sábado, 15 de novembro de 2008

DIA DE LUTO À TRADIÇÃO NACIONAL



Eis que momento mais vergonhoso na História da nossa Pátria amada, Salve(m)! Salve(m)! Um governo legítimo retirado do poder por um golpe militar sem precedentes que nem mesmo os mais otimistas à execução do golpe o esperavam.
Eis que um dia, a Pátria dorme tranqüilamente para, ao despertar, ser surpreendida pelos oficiais do Exército tomando o poder, que estava nas mãos da sociedade, para repassá-lo as mãos de poucos; de seus grupos.
Eis que surge, fruto da usurpação de legitimidade, uma legitimidade falseada – pilar base da atual construção da imagem do brasileiro. Anos e anos de erros e mais erros, vergonhosos, vergonhosos, cuja qualquer tentativa de aliterar será em vão, dada à falta de capacidade das palavras para armazenarem tamanha sujeira.
Houve momentos bons? Indubitavelmente. Tudo tem dois lados. Mas um grave erro não deixará de ser um grave erro por causa disto.
Vergonha, corrupção, desilusão, perda da esperança, são sentimentos chocantes que torturam e marcam, e vão sempre marcar, a vida de pessoas de bem que tentaram, ou tentam, ou tentarão, construir um país digno. Um país que seja o reflexo da sociedade. Uma Pátria a qual possamos chamar de nossa. Uma Nação da qual possamos nos orgulhar de seu ensino de qualidade e não tendencioso. Sim, os militares tornaram o ensino da época tendencioso ao ponto de sermos enganados, inclusive sobre o ponto mais caro que diz respeito a um povo: sua Tradição.
Nossos filhos são ensinados por pessoas que não pensam. Caso elas saibam que estão ensinando errado, conseqüentemente, contribuindo para a quebra da Tradição e perda de identidade, estão erradas. Caso elas não saibam que estão ensinando errado... estão erradas da mesma forma. Não se dão nem ao trabalho de procurar veracidade no que repassam. É como transar sem camisinha sem saber que se tem AIDS, e infectar várias pessoas, possivelmente por toda uma vida. A única diferença é que, no primeiro caso, algumas pessoas ainda podem se recuperar ainda que depois de infectadas. Eu mesmo estou em processo de recuperação. Mas não se preocupem, já não corro mais risco de morte. Preferi a Independência.
Ensinam-nos, para citar um único exemplo de Tradição forjada à força – com material vagabundo, diga-se de passagem – que a nossa Flâmula Nacional tem o verde de “nossas” matas e o amarelo de “nossas” riquezas. O verde, cor heráldica da Casa Real Portuguesa de Bragança; e o amarelo, cor da Casa Imperial Austríaca de Habsburgo nos mostra a origem REAL (com os dois sentidos que esta ambigüidade permite interpretar) do nosso povo. Somos realeza, somos imperadores porque Nossa Majestade o é. Ele é a Sociedade, e o mais belo nisso tudo: a recíproca é verdadeira.
Quinze de novembro, dia de luto à Tradição Nacional. Quisesse Deus ter interferido na História e não tivesse permitido o início do carma desta Pátria: a Proclamação da República, que nos dá a falsa sensação de ser um povo.

Ao Herdeiro LEGÍTIMO do Trono Imperial Brasileiro:


Sua Alteza Imperial e Real D. Luiz de Orleans e Bragança.

Post-scriptum: Ao decorrer do post fizemos um teste referente à saúde pública no Brasil, veja como você se saiu:

1→ Se, por algum momento, você achou que o post falava sobre o período de 1964-1985 no Brasil, receio que procure se tratar, você foi infectado e precisa de ajuda. Receitamos que procure bons livros para estudar um pouco mais e tentar salvar sua Tradição, enquanto ela ainda resiste;

2→ Se você não pensou, nem por um instante sobre o período mencionado no ponto 1, mas não sabia do que o post se tratava, você tem grandes chances de se sair bem dessa. Você pode estar infectado, mas não está difícil de se recuperar. A receita continua sendo a mesma do ponto 1;

3→ Se você, desde o início, sabia que estávamos falando da Proclamação da República: Parabéns! Você não está infectado. Em que boa escola você estudou mesmo hein?

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

SEMANA DA PÁTRIA


Bandeira do Brasil por Henfil


“Ter sempre o espírito jovem!”, já dizia alguém que nada entendia de espíritos, pois esqueceu-se de especificar de que tipo de jovem estava falando. Ou não entendia de jovens.
Na Semana da Pátria, em setembro, assistia a um desfile na Praça Pedro Velho. Homens e mulheres, cidadãos da terra, do céu e do mar estavam ali. Impecáveis. Como se fossem estátuas de mármore da Grécia Antiga, mas restauradas e com um público menos interessado em sua beleza.
A banda da Marinha começou a tocar e tímida manifestação de aplausos foi ouvida. Não sentida. Alguns mais velhos assistiam ao desfile. Algumas crianças, que com a pureza que lhes é peculiar, admiravam. Como não entender o real significado disso tudo apenas dividindo a atenção entre o desfile e as crianças? Mas o significado não foi entendido. Não pelos jovens presentes.
Em meio a melodia do Hino Nacional, jovens conversavam avulsamente. Um que outro ficou em silêncio, parecendo ser o máximo de respeito que conseguia demonstrar.
Lentamente a flâmula nacional era erguida, incólume, ao lado das do Estado e da cidade. Muitos nem sabiam que bandeira era a última.
A Semana foi declarada aberta pelo vice-governador. Não foi aplaudido.
A atleta olímpica trouxe a chama da Pátria, resistente a tantos banhos d’água fria. Não foi aplaudida.
Apenas percebi o entusiasmo de uma senhora que cantarolava a nova melodia tocada, e seu neto, ainda bebê. Dois representantes verdadeiros da Pátria. Estavam a meu lado, mas não quis perguntar-lhe os nomes. Não havia necessidade. Naquele instante eles eram representantes, não de suas individualidades, mas de um coletivo cada vez menor, mas que resiste. Os jovens faziam piadas.
O momento pelo qual passamos é difícil. Os mais velhos, em algum tempo ir-se-ão. As crianças, se não tivermos cuidado, terão espíritos jovens (no sentido que atualmente lhe atribuo). E o que restará da verdadeira Pátria? Páginas mal contadas em livros de História tendenciosos.
A egrégora não morrerá, pois ela nunca morre. Mas estará em algum lugar inacessível. De que adiantará?
A emoção que sinto agora é menos pela beleza do desfile (e o desfile é belo) do que pelo descaso da juventude.
Jovens caçoam, ao meu lado, da Polícia Militar. Alguns dos militares pareciam envergonhados. Resultado arrebatador do desrespeito à Nação. Escrevo isso enquanto desfila o Corpo de Bombeiros. Um dos rapazes estava descompassado, mas logo tratou de entrar no ritmo.
Sim. Crianças e idosos, o futuro da Nação. Os últimos já com as pernas cansadas, mas ainda permanecendo de pé, pois entendem o que parece incompreensível para uma geração que entende tudo de mais fútil. As crianças também não entendem. Mas não entendem da forma mais bonita possível...
Manter o espírito jovem? Não, obrigado!
Há uma máxima que utilizarei com uma pequena modificação, mas necessária: Não se faz mais jovens como antigamente.
Termino aqui este breve escrito, na esperança que a egrégora da Pátria (que nada tem haver com sua situação política, econômica e muito menos futebolística – ela é bem superior a tudo isso – e sim com a Glória, Orgulho e Hombridade de todos que por ela viveram e vivem) não seja lembrada apenas uma semana por ano.


Natal, Rio Grande do Norte.
01 de setembro de 2008.

Assina: Rodrigo Cavalcanti Felipe,
jovem (com espírito velho e rabugento) de 22 anos.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008






O Fio da Katana
Olá a todos!
Hoje é um dia histórico!
A primeira postagem (ainda que de apresentação) de um novo e inovador Blog que tem como objetivo criar postagens (crônicas, artigos, comentários, poesias...) que valem a pena serem lidas!
Três jovens estudantes farão parte deste blog.
Três jovens estudantes, atualmente graduandos, do curso de História da UFRN!
Três jovens estudantes que não pretendem dominar a verdade absoluta, mas ao menos abrir os olhos dos outros para o erro infinito! - Parafraseando alguém, mas de forma adaptada.
Três jovens que possuem ambições, esperanças e vontade de criar.
Três jovens que acreditam na mudança de uma realidade cada vez mais horrificante (em âmbito mundial e, principalmente, Nacional).
Três jovens estudantes que possuem idéias em comum.
Três jovens estudantes que possuem idéias diversas, e nem sempre convergentes.
Três jovens estudantes que esperam conquistar algo com este blog: leitores (críticos ou não) preocupados com o que os jovens de hoje em dia estão pensando.
Três jovens que tomaram uma iniciativa, pretendendo que não seja ela solitária.
E por fim... Três jovens estudantes que não pretendem ofender a moral de ninguém, ou posição política, ou crenças religiosas, ou tantas outras coisas como essa, mas que não têm medo de ser politicamente INcorreto, e capazes de arcar com as conseqüências do que escrevem.
Misturando ciência, conhecimento, arte e senso de humor, tentarão trazer aos leitores momentos de reflexão, aprendizado e risos.

Apenas uma advertência: Cuidado, O FIO DA KATANA pode cortar!
Sejam bem vindos!

Os administradores:
Henrique Rodrigues de Oliveira Júnior
Daniel Figueiredo de Mélo
Rodrigo Cavalcanti Felipe